sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Morte do Poema.



Um assassinato.

Tudo indicava assim.
E o coitado do poema, estirado,era coceira na curiosidade pública.
Chegou o delegado e cismado foi tecendo em pensamentos inconstantes formas da dúvida.Uma interrogação passeava ali. Crescia e engordava proporcional a cada pessoa que parava na pele da já recém formada multidão.
Não demorou muito e apareceu o legista. Ele era meio esquisito, tinha tique nervoso e coceira na vista. Examinou o já lido poema e constatou o consumado fato:
- Morrera de amor, não de infarto. Suicídio? Assassinato? Quem faria o fatídico ato?
- Quem ??? perguntava o delegado.E com um ar sherloquiano pegou o morto nas mãos. Sob os olhos atentos da multidão exclamou a primeira descoberta:
- Não era amador o assassino, era poeta !“Poeta ?” Indagou a multidão incrédula.
- Poeta! Confirmou alisando o imeeeenso bigode.Chegaram então os repórteres,a lavadeira,o bêbado ainda de porre,a dona Julieta, o doutor Onofre, e todos, do sul ao norte, mastigavam a mesma pergunta:“Um poeta, mas como é que pode ?”
- Simples! - Explicou o delegado...A tristeza, num homem apaixonado, dói além do sustentável. No peito, abre um buraco.Tanto insiste que não resta escapatória,com o dedo em riste, atrás da porta, persiste o crime. A arma utilizada não foi revólver, não foi faca. Foi um sentimento amargurado delineado no papel por uma caneta esferográfica. Já a paixão - continua -foi a vítima, de vez esquecida, varrida, morta. Não é caso de polícia, por aí morre um amor por dia, é uma palavra prolixa, doída. Dor nenhuma deve virar notícia, fez bem o poeta em matar essa paixão. E terminou largando o poema no chão. Seguiu em frente, sumiu na multidão que por sua vez se desfez com a mesma rapidez que se formou. Mas do vazio que ficou - dilacerado, permaneceu solitário um adolescente com os olhos molhados uma caneta na mão.Em passos lentos, assimilados,aproximou-se do poema no chão largado guardou no bolso a história do amor que minutos antes havia escrito,e por qualquer descuido perdido...
Ricardo França

Achei tão lindinho que resolvi dividir com vocês.
Espero que gostem.
Que o amor não morra jamais, em cada um de vocês!
Um ótimo fim de semana!
 de semana!
beijokas

2 comentários:

carmem disse...

O:-) BOA TARDE MARTINHA!

carmem disse...

VIM AQUI FAZER UMA VIZITINHA MAIS NÃO ACHEI NINGUÉM,BJ.